Caso Eliza Samudio
O caso Eliza Samudio chocou o Brasil com sua trama de violência e impunidade. Eliza, uma jovem mãe em busca de justiça, teve sua vida interrompida de maneira brutal. Veja os detalhes do seu desaparecimento, a conturbada relação com o goleiro Bruno, as agressões que sofreu e o desfecho surpreendente que abalou o país.
Quem era Eliza Samudio?
Eliza Silva Samudio nasceu em Foz do Iguaçu no dia 22 fevereiro de 1985 e era filha do arquiteto Luiz Carlos Samudio e da agricultora Sônia Fátima Silva Moura. Durante um ano de convivência em Foz do Iguaçu, a mãe de Eliza era frequentemente agredida pelo marido. Por conta disso, somado a questões financeiras, ela decidiu deixar sua filha de seis meses sob os cuidados de Luiz Carlos, o pai da criança. A partir desse momento, os encontros entre mãe e filha se tornaram raros. Aos 10 anos de idade Eliza voltou a morar com a mãe agora em Mato Grosso do Sul, mas ficou por lá apenas um ano até voltar para a casa do seu pai.
Aos 18 anos de idade, ela decidiu iniciar uma nova etapa de sua vida e mudou-se para São Paulo. No entanto, encontrou-se em uma situação desafiadora: desconhecida na cidade, sem emprego fixo e enfrentando dificuldades financeiras. Para garantir sua subsistência, ela optou por trabalhar como acompanhante até conseguir oportunidades na área de modelo na capital paulista.
Com o passar do tempo, ela teve a chance de participar de desfiles e editoriais de moda, conquistando certa visibilidade nesse meio. No entanto, também se envolveu na indústria cinematográfica adulta entre os anos de 2005 e 2009, atuando em filmes pornográficos. Além disso, ela participou de ensaios sensuais para a produtora erótica brasileira, utilizando o nome artístico de Fernanda Farias. Essas experiências ampliaram sua atuação profissional no âmbito do entretenimento adulto.
Como Eliza e o goleiro Bruno se conheceram?
Segundo testemunhas a Elisa e o Bruno se conheciam desde 2008 porém o Goleiro afirmou em depoimento que só conheceu Eliza no ano seguinte em 2009 e ainda de acordo com ele, o encontro foi em uma festa no Rio de Janeiro de um outro jogador do flamengo e que na ocasião Bruno e Eliza teriam tido relações sexuais no dia e que o preservativo havia se rompido.
Algum tempo depois, Eliza entra em contato com o Bruno e afirma estar grávida do goleiro. Bruno não ficou nada contente com a notícia, afinal ele era casado na época e logo pediu para que Eliza abortasse o bebê.
Histórico de agressões contra Eliza
Mesmo contra a vontade do goleiro, Eliza seguiu com a gravidez e nesse período sofreu diversas ameaças do goleiro, inclusive ameaças de morte.
Elisa se recusou a fazer um aborto e, em outubro de 2009, foi agredida por Bruno, seu amigo Henrique (conhecido como Macarrão) e mais dois indivíduos. Eles a ameaçaram de morte caso não realizasse o aborto. Eliza foi levada para o apartamento de Bruno, onde foi mantida em cativeiro, forçada a beber substâncias abortivas e agredida fisicamente. Após cerca de 12 horas dopada, ela foi liberada no dia seguinte.
Eliza foi até uma delegacia especializada em atendimento à mulher e denunciou tudo o que tinha acontecido no dia anterior, além de citar todos os envolvidos, incluindo o goleiro Bruno. A princípio, a delegada responsável pelo caso decidiu pela proibição do Bruno em se aproximar de Eliza, porém uma juíza, negou o pedido de medida protetiva, alegando que o caso não se enquadraria na lei Maria da Penha, pelo fato de Eliza e Bruno não serem casados ou terem uma união estável, mesmo ela estando grávida de um filho do goleiro.
Por sua vez, com o vazamento do caso para a imprensa, Bruno divulgou uma nota onde ele negava tudo que a Elisa havia falado, ainda completou falando que Eliza queria fama e que o filho que ela esperava não era dele e que ela estava tentando dar o “golpe da barriga” nele.
Como foi o desaparecimento de Eliza Samudio?
Em Fevereiro de 2010, logo após o nascimento do filho de Eliza com o goleiro Bruno, as discussões pelo reconhecimento da paternidade ficaram ainda mais frequentes. Eliza passou a exigir pensão para o filho e Bruno continuava negando. Nesse momento a mídia já noticiava o caso e todos os desdobramentos após o nascimento do garoto, o que começou a prejudicar a imagem do goleiro com o seu clube, o Flamengo e os patrocinadores.
Após negar o reconhecimento do filho por diversas vezes, o goleiro Bruno entra em contato com Eliza e diz que vai assumir a criança e ainda iria comprar um apartamento para ela e o garoto, porém tudo se tratava de um plano.
Em Junho de 2010, Eliza foi sequestrada pelo primo do goleiro e seu amigo Macarrão e levada até o apartamento do Bruno no Rio de Janeiro.
No apartamento estava Bruno e sua amante Fernanda Gomes, que cuidou do filho de Eliza enquanto ela era mantida refém. Após algumas horas no apartamento, todos os envolvidos foram para um motel em Contagem, MG, onde ficaram por mais algumas horas.
Na sequência, foram todos para o sítio do goleiro que ficava no município de Esmeraldas, também em Minas Gerais. No sítio, o goleiro fez um churrasco, enquanto Eliza e o filho estavam trancados em um dos quartos.
Eliza e o filho continuaram no sítio por mais alguns dias, até que no dia 10 de junho, eles foram levados até o encontro do suposto assassino de Eliza, Marcos Aparecido, conhecido como Bola, que havia sido contratado pelo goleiro para matar Eliza.
Como Eliza Samudio foi morta?
Segundo informações dos depoimentos das testemunhas e envolvidos pelo crime, Eliza foi levada para o bairro da Pampulha em Minas Gerais, onde Bola estava, e dali seguiram para o sítio dele.
No sítio do Bola, Eliza teria sido estrangulada e esquartejada, e os pedaços teriam sido jogados para os cachorros rottweiler, ossos e outros pedaços foram concretados, ocultando assim para sempre o seu corpo. Até hoje o corpo de Eliza Samudio nunca foi encontrado.
Para esconder todos os vestígios do crime, Bruno colocou fogo nas coisas da Eliza que estavam no sítio dele.
Investigações do caso
As investigações sobre o caso da Eliza Samudio, se iniciaram após denúncia anônima que dizia que uma mulher teria sido agredida e morta no sítio do goleiro em Esmeraldas.
A partir dessa denúncia, a polícia começou a investigar o desaparecimento de Eliza.
A esposa do goleiro, Daiane Rodrigues, foi uma das primeiras a ser interrogada pela polícia, ela foi responsável por deixar o filho da Eliza em uma favela de Ribeirão das Neves em Minas Gerais, ela foi detida por subtração de incapaz, mas foi liberada no dia seguinte.
Com o avanço das investigações, o goleiro Bruno, passou a ser suspeito pelo desaparecimento da Eliza e teve seu sítio, além do seu carro, examinado pelos peritos da polícia.
Em pouco tempo, a polícia chegou até o primo, menor de idade do goleiro, Sérgio Rosa. Ele foi levado para a delegacia de homicídios e em seu depoimento, confessou ter participado do sequestro de Eliza a mando do goleiro Bruno, ele também deu todos os detalhes da morte dela, conforme já citado anteriormente.
Após esse depoimento, a polícia pediu a prisão do Bola, a internação do primo do goleiro, já o Macarrão e Bruno, se entregaram à polícia.
Com tudo isso acontecendo, o Flamengo demitiu o goleiro por justa causa e no mês de outubro, após decisão da justiça, um exame de DNA, confirmou que de fato o goleiro Bruno era o pai do filho da Eliza Samudio.
Cerca de dois anos após o crime, a revista Veja, trouxe uma série de informações sobre o caso, incluindo uma carta do goleiro Bruno endereçada ao seu melhor amigo Macarrão pedindo para que ele confessasse tudo, a fim de salvar sua pele.
Morte da testemunha chave do caso Eliza Samudio
Um ano após ganhar liberdade da medida socioeducativa, o primo do goleiro Bruno, que na época era menor de idade, foi morto em um bairro de Belo Horizonte. Ele era a principal testemunha do caso. Ele foi morto pouco tempo antes do julgamento acontecer, provavelmente ele foi vítima de uma queima de arquivo.
Como foi o julgamento e condenação dos envolvidos?
Em novembro de 2012, mais de dois anos após o desaparecimento de Eliza, o caso foi a júri popular em Contagem, em Minas Gerais. Nesse primeiro momento, foram condenados: Macarrão foi condenado a 20 anos pelo crime de homicídio qualificado, após a condenação ele confessou o crime e teve 8 anos de pena reduzida. Fernanda Castro, a amante do goleiro foi condenada a 5 anos de prisão.
Em março de 2013, o goleiro Bruno foi julgado e condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado e há três anos e três meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda mais um ano e seis meses por ocultação de cadáver.
No mês seguinte, em Abril, Marcos Aparecido, o Bola e autor do assassinato foi condenado a 22 anos de prisão, sendo 19 anos em regime fechado e 3 anos em regime aberto.
Como está o goleiro Bruno hoje?
Após cumprir 8 anos e dez meses de prisão, Bruno ganhou liberdade condicional e desde então passou por 7 times diferentes. Atualmente o goleiro está em um time da várzea de São Paulo, o Orion Futebol Clube.
A contratação do goleiro pelos clubes após a condenação, sempre é marcada por muita polêmica e discussões na internet e na sociedade.