Casos Famosos

Caso Liana Friedenbach e Felipe Caffé

O caso aconteceu em São Paulo, mais precisamente em Embu-Guaçu, um município situado na região sudoeste da Grande São Paulo. A história envolve o trágico assassinato do casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé durante um acampamento, praticado por criminosos liderados por Roberto Aparecido Alves Cardoso “Champinha”. O episódio gerou comoção nacional, destacando questões sobre segurança pública e a legislação para menores infratores, visto que Champinha era menor de idade na época do crime.

Felipe Caffé e Liana Friedenbach
Foto: Felipe Caffé e Liana Friedenbach – Arquivo Pessoal

Quem eram as vítimas?

A Liana nasceu em São Paulo em Maio de 1987 e tinha 16 anos na época do crime, ela morava no bairro dos Jardins, que é um bairro de classe média alta em São Paulo e a sua família tinha boas condições financeiras, filha de Ary e Márcia. A Liana sempre teve boas oportunidades, era extremamente apegada ao pai e de acordo com ele, a jovem era muito inteligente, sociável, carismática e de uma beleza que chamava a atenção. 

Felipe Caffé nasceu em São Paulo em junho de 1984 e tinha 19 anos, ele era o filho mais novo de Reinaldo e Lenise, diferente da Liana, a família dele não tinha as mesmas condições, eles eram mais humildes mas o Felipe teve uma excelente criação ele tinha mais dois irmãos e o Felipe é descrito pelo pai como um rapaz muito prestativo apegado a família comunicativo e trabalhador.

Como Liana e Felipe se conheceram?

Os jovens se conheceram em 2003, quando Liana foi estudar no período da noite do Colégio São Luís, um dos mais importantes colégios de São Paulo onde o Felipe já estudava. Liana e Felipe começaram a se aproximar por volta de Agosto daquele ano. Em um certo momento o Ari Friedenbach notando que sua filha sempre saia da escola na companhia do rapaz, chegou a perguntar para ela se aquele seria o seu namorado, Liana não respondeu naquele momento, mas após alguns dias acabou falando que Felipe era sim o seu namorado. Ari não se preocupou, afinal os dois eram muito próximos e ele sabia que a Liana não precisava esconder nada dele e isso o deixava bastante tranquilo.

A viagem

O jovem casal, gostavam de ficar juntos o máximo que podiam e conforme o relacionamento transcorria eles decidiram que gostariam de fazer uma viagem para comemorar os dois meses de relacionamento. Liana chegou até a pedir à mãe para que ela pudesse viajar com Felipe e acampar, mas a mãe não permitiu já que ela era muito jovem e o casal havia começado a se relacionar a pouco tempo. Ao pedir para o pai, o Ari também não permitiu a viagem e alguns dias depois a Liana disse ao pai que faria uma viagem para Ilhabela no litoral norte de São Paulo com algumas amigas da Congregação Israelita Paulista, como essas viagens são comuns entre os jovens desta Congregação, o pai da jovem não se preocupou. 

Durante a viagem, seu pai chegou a entrar em contato por telefone e estranhou o silêncio no ônibus, porém Liana, justificou alegando que as pessoas estavam dormindo. Na manhã seguinte, Ari já não conseguiu mais falar com Liana. Quando perdeu contato com ela, foi até o local de partida, mas não havia nenhum ônibus lá. Ao confrontar a melhor amiga, descobriu que Liana mentiu sobre a viagem com as amigas e, na verdade, planejava uma escapada romântica com Felipe em Embu-Guaçu para comemorar dois meses de namoro. O pai ficou chocado, já que Liana não costumava mentir para a família.

O desaparecimento

Inicialmente, a esperança era de que o casal se perdeu a caminho de um sítio em Embu-Guaçu, onde planejavam acampar. Felipe informou aos pais que iria com amigos e já conhecia o local. No domingo do desaparecimento, eles foram oficialmente registrados como desaparecidos, e as buscas começaram.

Investigações revelaram que o casal passou a noite no vão livre do MASP, na Avenida Paulista, antes de pegarem um ônibus para Embu-Guaçu. Chegando lá, compraram mantimentos e pegaram uma van para Santa Rita. Após 4 km de caminhada, chegaram a um sítio abandonado chamado Sítio do Léo, onde montaram uma barraca de camping.

A barraca foi encontrada no telhado, rasgada, junto com pertences do casal. A polícia não sabia a direção que eles tinham tomado. A mídia começou a cobrir o caso, e mais de 40 policiais, voluntários e até um empresário com helicóptero particular participaram das buscas. Dias depois, um morador local informou ter visto um menor acompanhado de Liana.

Em 10 de novembro, o corpo de Felipe foi encontrado a 4 km do local da barraca, enquanto Liana foi descoberta sem vida às 23:30, próxima a um riacho, a 2 km de onde Felipe foi localizado. Exames revelaram que Felipe foi atacado dias antes de Liana, não resistindo a um disparo de arma de fogo. Liana foi diagnosticada com traumatismo craniano encefálico, tendo sido golpeada com um objeto contundente.

As cerimônias de despedida de Liana e Felipe foram realizadas em locais diferentes no dia 11 de novembro de 2003. O adeus a Liana ocorreu no Butantã, zona oeste, enquanto a cerimônia em memória de Felipe teve lugar na região da Vila Alpina, zona leste. 

Amigos e professores da escola que compartilharam momentos com eles estiveram presentes em ambas as despedidas. Esses eventos tocantes representaram um tributo emocional à memória dos jovens, reunindo aqueles que compartilhavam vínculos e lembranças com Liana e Felipe.

Quem matou Liana e Felipe?

Paralelo a toda a comoção gerada pelo caso, a polícia seguia com a investigação e já tinha um suspeito, um jovem chamado Roberto Aparecido Alves Cardoso, conhecido como Champinha, foi apontado por uma testemunha como o responsável pelo desaparecimento de Liana e Felipe. Champinha, conhecido por atos delinquentes, foi localizado pela polícia após um homem chamado Antônio Caetano, próximo a ele, afirmar que Champinha era o responsável.

O Crime

Ao prestar depoimento, Champinha confessou os crimes. Ele e um comparsa, Paulo César da Silva Marques, conhecido como Pernambuco, inicialmente planejavam assaltar o casal que chamou atenção por estar bem vestido e com muita bagagem. Ao não encontrarem valor significativo, decidiram sequestrar Liana e Felipe.

Os dois foram levados para uma casa onde sofreram abusos. Ariana, ao mencionar a possibilidade de pagamento de resgate pela família, levou os sequestradores a liberar Felipe. No entanto, eles o levaram de volta para a mata, onde foi encontrado morto. Liana, acreditando que Felipe havia sido libertado, foi levada para outras locações, incluindo a casa de Antônio Matias de Barros.

Champinha a apresentou como prima e namorada, e ela passou por mais abusos. Conforme o caso ganhava repercussão, Champinha percebeu o cerco se fechando. Na madrugada de 5 de novembro, prometeu libertar Liana, mas a conduziu para uma área mais densa da mata, onde foi encontrada posteriormente. Champinha, então, retornou para casa da sua mãe, escondeu os objetos do crime e se apresentou à delegacia de Embu-Guaçu.

Após prestar depoimento na delegacia, Champinha foi liberado, indo para a casa de sua tia em Itapecerica da Serra sem dar detalhes sobre suas ações. No entanto, a polícia, durante as investigações, chegou a Antônio Caetano, que acusou Champinha de todos os crimes. Champinha foi então encontrado na casa da tia e confessou. Com 16 anos na época, foi encaminhado para a Fundação Casa, sendo considerado inimputável pela lei, o que significava que não poderia ser preso, mas sim internado por até três anos em uma instituição para cumprir medidas educativas.

Em 14 de novembro de 2003, Antônio Caetano, Antônio Matias e Agnaldo Pires, cúmplices de Champinha, foram presos. Pernambuco foi detido na rodoviária de Petrolina, enquanto se dirigia ao Sertão do Estado. Inicialmente negou sua participação, alegando ser mais uma vítima mantida como refém, mas posteriormente confessou após ser transferido para São Paulo.

Condenação dos acusados pelo crime

Em julho de 2006, Caetano da Silva, Agnaldo Pires e Antônio Matias foram julgados e condenados. Antônio Caetano recebeu uma pena de 124 anos de prisão, Agnaldo Pires 47 anos, e Antônio Matias 6 anos. Em novembro de 2007, Paulo César da Silva Marques, conhecido como Pernambuco, foi condenado a 110 anos e 18 dias de prisão. No entanto, Champinha, o principal envolvido e líder do grupo, ficaria apenas três anos sob tutela do estado, gerando debates sobre a maioridade penal no Brasil.

Qual a situação do Champinha hoje?

Desde a época do crime, a justiça decidiu internar Champinha em uma unidade experimental de saúde em Vila Maria, destinada a adolescentes e adultos infratores com transtornos psiquiátricos graves. Atualmente, permanece em internação, vivendo em um local confortável com acesso à TV, videogame, participando de atividades como partidas de futebol e cuidando de uma horta.

Laudos médicos e psicológicos indicaram que Champinha era portador de transtornos mentais, como o transtorno de personalidade antissocial e deficiência intelectual, sendo apontado por especialistas como portador de psicopatia.

Nascido em Embu-Guaçu em 1986, Champinha teve uma infância pobre e apresentava sinais de problemas desde cedo, maltratando animais e perdendo o pai, alcoólatra, quando ainda era criança. Durante a internação, Champinha foi acusado de liderar incidentes, como um motim, mas foi posteriormente absolvido. 

O Caso Liana Friedenbach e Felipe Caffé, gerou comoção nacional e debates sobre a legislação para menores infratores. A confissão de Champinha e a internação em uma instituição para infratores com transtornos psiquiátricos intensificaram o debate sobre a maioridade penal no Brasil, destacando as complexidades do sistema judicial. O caso deixou um legado de dor e levantou questões sobre a abordagem de crimes cometidos por menores de idade no país.

Fontes:

Canal Freak TV – Aventuras na História – Modus Operandi (Podcast)