A Chacina da Candelária
A chacina da Candelária ocorreu na noite de 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Neste caso, oito jovens em situação de rua foram assassinados.
O que aconteceu no dia do crime?
Por volta da meia-noite do dia 23 de julho de 1993, dois veículos com placas encobertas, estacionaram em frente à Igreja da Candelária. Os ocupantes dos veículos abriram fogo contra um grupo de pessoas, a maioria adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades da igreja.
Após investigações, foi constatado que os responsáveis pelos disparos eram membros de uma milícia que agia na região.
Quem são as vítimas da Chacina da Candelária?
Cerca de 50 meninos e meninas de rua, com idades entre 11 e 19 anos, estavam dormindo quando foram surpreendidos por seis policiais que abriram fogo contra o grupo. Infelizmente, oito jovens perderam suas vidas e muitos outros ficaram feridos.
Os meninos, provenientes de famílias desestruturadas, frequentemente se viam na necessidade de roubar para conseguir comida e, em algumas situações, acabavam se envolvendo com o tráfico de drogas. Eles costumavam andar em grupo e, durante a noite, permaneciam juntos como medida de proteção.
Os mortos na chacina foram:
- Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
- Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
- Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
- Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
- “Gambazinho”, 17 anos
- Leandro Santos da Conceição, 17 anos
- Paulo José da Silva, 18 anos
- Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
Quem matou os jovens na Chacina da Candelária?
O depoimento do jovem Wagner dos Santos, sobrevivente do massacre, foi crucial para chegar aos nomes dos envolvidos pelo crime.
Durante as investigações, 7 suspeitos foram indiciados, entre eles o ex-policial militar Marcus Vinicius Emmanuel Borges foi condenado a 309 anos de prisão em primeira instância. Posteriormente, ele recorreu da sentença e, em um segundo julgamento, a pena foi reduzida para 89 anos. Insatisfeito com o resultado, o Ministério Público solicitou um novo julgamento. Em fevereiro de 2003, Borges foi condenado a 300 anos, mas até o momento encontra-se em liberdade.
Outro acusado envolvido no crime foi Nelson Oliveira dos Santos, condenado a 243 anos de prisão pelas mortes na chacina. Ele recorreu da sentença e, mesmo tendo confessado o crime, foi absolvido das mortes em um segundo julgamento. O Ministério Público recorreu e, em 2000, foi novamente condenado a 27 anos de prisão. Nelson está em liberdade condicional por outros crimes, conforme informações do Tribunal de Justiça do Rio.
Marco Aurélio Dias de Alcântara, foi condenado a 204 anos de prisão e assim como os outros criminosos também está em liberdade.
Além dos envolvidos citados, outros nomes como Cláudio, Marcelo, Jurandir e Arlindo chegaram a ser citados nas investigações mas acabaram se beneficiando por indulto, liberdade condicional ou até mesmo considerados inocentes no processo.
Homenagem às vítimas da chacina
Em frente à igreja, há um pequeno monumento em memória às vítimas. É composto por uma cruz de madeira, onde estão inscritos os nomes dos jovens assassinados, e uma placa de concreto. No entanto, a placa aparentemente foi alvo de vandalismo, encontrando-se bastante danificada, desmembrada do suporte e com a inscrição ilegível.
O caso foi apontado por diversas entidades um dos casos brasileiros que mais chocaram o país.