Serial Killers

Chico Picadinho: A História Macabra do Serial Killer Brasileiro

Francisco das Chagas Costa Rocha, mais conhecido como Chico Picadinho, foi um dos serial killers mais notórios do Brasil, cujos crimes brutais deixaram São Paulo em choque nas décadas de 1960 e 1970. Sua trajetória, marcada por assassinatos violentos e um passado profundamente traumático, continua a fascinar e assustar até os dias de hoje.

Chico Picadinho sorrindo na década de 70
Chico Picadinho na década de 70 – Reprodução: Veja

Infância Traumática e Início da Violência

Nascido em 1942, em Vila Velha, Espírito Santo, Chico Picadinho viveu uma infância conturbada, cercada por abandono e abusos. Ainda jovem, foi expulso de casa após constantes brigas com a mãe, com quem mantinha uma relação repleta de agressões e humilhações. A partir de então, passou a sobreviver com pequenos trabalhos e furtos, mas também desenvolveu uma forte dependência de álcool e drogas, o que agravou seu comportamento instável.

Com uma sexualidade assumidamente bissexual, Chico revelou durante os interrogatórios psiquiátricos, após sua prisão, que não tinha preferência entre ser passivo ou ativo nas relações, mas que seu foco estava em manter sua masculinidade e obter prazer. Grande parte de sua renda era gasta em jogos de azar e na contratação de prostitutas, estabelecendo uma rotina perigosa e descontrolada.

O Primeiro Assassinato

Em 1966, com 24 anos, Chico Picadinho cometeu seu primeiro crime brutal. A vítima foi Maria das Graças Domingues, uma prostituta da região da Boca do Lixo, em São Paulo. Após matá-la, ele a estuprou e esquartejou, espalhando os restos mortais pela cidade. O crime causou grande comoção pública e deu início à sua fama macabra, que culminou no apelido “Chico Picadinho”, em referência à maneira como desmembrava suas vítimas.

Prisão e Julgamento

Chico Picadinho foi condenado por seu primeiro crime em 5 de agosto de 1966, foi sentenciado a 18 anos de prisão por homicídio qualificado, mais 2 anos e 6 meses por destruição de cadáver. A pena foi posteriormente reduzida para 14 anos e 4 meses. Durante seu tempo na prisão, estudou, trabalhou e se casou. Em 1974, obteve liberdade, com laudos excluindo a possibilidade de psicopatia.

No entanto, dois anos e cinco meses após sua soltura, em 1976, ele cometeu outro assassinato. Foi condenado a 22 anos e 6 meses de prisão, sendo diagnosticado como semi-imputável, devido à personalidade psicopática complexa. Em 1994, foi submetido a novos exames psiquiátricos e transferido para a Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté para tratamento médico, com o Ministério Público pedindo sua interdição em regime fechado.

Em 2017, a juíza Sueli Zeraik determinou sua soltura, argumentando que Chico havia cumprido sua pena e a interdição civil excedia o limite legal. No entanto, o desembargador Ricardo Dip manteve a custódia, alegando que Chico Picadinho precisava de tratamento médico devido ao diagnóstico de personalidade sádica e psicopática. A decisão foi reafirmada em maio de 2017.

Chico, estudante de Direito na época dos crimes, é descrito como lúcido, dedicando-se à pintura. Ele mencionou em entrevistas a influência do romance Crime e Castigo, de Dostoiévski, ao cometer os crimes.

Perfil Psicológico e Motivações Perturbadoras

Avaliações psicológicas realizadas após sua prisão revelaram que Chico Picadinho sofria de transtorno de personalidade narcisista, com fortes tendências sádicas. Ele demonstrava extrema frieza ao descrever seus crimes, fornecendo detalhes chocantes sem qualquer sinal de remorso. Sua mente perturbada parecia alimentar-se da violência, refletindo traços profundos de distúrbios emocionais ligados à sua infância abusiva.

Alguns especialistas sugerem que ele possa ter sido influenciado pelo romance “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski, uma obra que ele admirava. No livro, o protagonista, Raskólnikov, também comete um assassinato e vive em conflito com sua própria consciência, o que teria, de certa forma, inspirado Chico em seus atos macabros.

Impacto na Sociedade e o Legado Sombrio de Chico Picadinho

Os assassinatos de Chico Picadinho causaram grande impacto na sociedade brasileira, gerando debates sobre violência, segurança pública e questões de saúde mental. Seus crimes, devido à brutalidade, repercutiram na mídia e se tornaram tema de livros, filmes e peças de teatro. Chico Picadinho tornou-se um símbolo dos perigos escondidos na mente humana, lembrando a todos como traumas profundos podem se manifestar de maneira violenta e imprevisível.

Atualmente, Chico Picadinho segue preso na Casa de Custódia de Taubaté, em São Paulo, cumprindo pena pelos assassinatos que cometeu. Mesmo décadas após seus crimes, sua história ainda desperta interesse e repulsa, permanecendo como um dos capítulos mais sombrios da criminologia brasileira.