Maníaco do Parque
Francisco de Assis Pereira, que ficaria conhecido como o “Maníaco do Parque”, era o caçula de um pai pescador. Eles viviam em diferentes lugares devido ao trabalho do pai, que pescava. Francisco também ajudava o pai nas pescarias e fazia outros trabalhos pequenos para ganhar dinheiro.
Por vezes, ele exibia traços de agressividade. Seu avô o levava a um abatedouro, onde testemunhava o abate de vacas. Essa experiência possivelmente o deixou marcado na infância, especialmente pelas maneiras como as vacas eram posicionadas.
Um dia, ele trouxe um passarinho que ele mesmo tinha matado para dentro de casa. Sua avó o repreendeu por esse comportamento, mas ele não parecia se importar ou sentir que tinha feito algo errado.
Ele tinha uma grande paixão pelo patins, era realmente talentoso nisso e até ganhou vários prêmios. Até recebeu o apelido carinhoso de “Chico Estrela” por causa de suas habilidades. Enquanto estava no auge dessa atividade, conheceu uma mulher durante suas sessões de patinação. Curiosamente, há relatos de que ela teria mordido uma parte de seu corpo, causando uma dor persistente que o acompanhou pelo resto da vida. Essa experiência parece ter afetado sua função sexual, resultando em uma certa impotência.
Ao mesmo tempo em que se destacava nos shows de patinação no Parque Ibirapuera, ele encontrou uma nova forma de ganhar a vida: trabalhando como motoboy. Seu carisma e natureza amigável fizeram dele uma figura querida tanto entre os patinadores quanto entre os motoboys. Ele até teve um relacionamento amoroso, que mais tarde foi assunto de várias entrevistas conduzidas por sua ex-namorada. Ela compartilhou detalhes preocupantes sobre o relacionamento, revelando que ele a agredia quase diariamente.
Certo dia, um colega de trabalho na empresa fez uma piada sobre homossexualidade com ele, o que desencadeou uma reação de extrema violência. Ele acabou agredindo fisicamente esse homem. Além disso, surgiram relatos que o Francisco não era heterossexual, mas sim bissexual.
Quem eram as vítimas do Maníaco do Parque?
Francisco confessou ao todo, 11 assassinatos, algumas das suas vítimas foram:
Elizângela Francisco da Silva
Elisângela Francisco da Silva, de 21 anos, natural do Paraná, vivia em São Paulo com sua tia Solange Barbosa devido a dificuldades financeiras. Ela abandonou a escola na 7ª série. Após ser deixada por uma amiga no Shopping Eldorado, seu desaparecimento foi registrado. Seu corpo foi encontrado nu no Parque do Estado em 28 de julho, em avançado estado de decomposição. O reconhecimento foi difícil e ocorreu três dias após a descoberta. No dia em que desapareceu, Elisângela disse à família que retornaria em duas horas.
Raquel Mota Rodrigues
A ambição de Raquel Mota Rodrigues, 23 anos, era ganhar dinheiro para auxiliar a família em Gravataí, RS. Ela frequentava bares nos fins de semana com amigas, sempre voltando para casa antes da meia-noite. Em 9 de janeiro, saiu do trabalho de vendedora em Pinheiros, SP, por volta das 8 da noite. Ao chegar à Estação Jabaquara do metrô, ligou para a prima dizendo que conheceu um rapaz e posaria como modelo para ele em Diadema. A prima a alertou sobre o perigo, mas Raquel concordou em não ir. No entanto, Raquel desapareceu e, mais tarde, seu corpo foi encontrado no Parque do Estado, no dia 16 de janeiro.
Selma Ferreira Queiroz
Selma Ferreira Queiroz, 18 anos, a mais jovem de três irmãs, tinha planos de estudar ciências contábeis ou computação. No entanto, no dia 3 de julho, enquanto se dirigia da sua casa em Cotia para resolver questões relacionadas à sua demissão em São Paulo, desapareceu. No dia seguinte, um homem pediu um resgate de 1.000 reais para a família, alegando que ela tinha sido sequestrada. O resgate não ocorreu, e o corpo de Selma foi encontrado no Parque do Estado. Ela estava sem roupas, com sinais de abuso e mordidas. Selma foi estrangulada, e seu último contato foi com o namorado, informando que não conseguiria assistir ao jogo do Brasil contra a Dinamarca com ele.
Patrícia Gonçalves Marinho
Aos 24 anos, Patrícia Gonçalves Marinho tinha o sonho de ser modelo, um desejo desconhecido por sua família. Em 17 de abril, ela saiu da casa de sua avó e desapareceu. Seu corpo foi encontrado somente em 28 de julho, no Parque do Estado. A identificação de Patrícia foi feita através de suas roupas e bijuterias encontradas junto ao corpo. Ela foi estuprada e morreu por estrangulamento.
Como o Maníaco do Parque matava suas vítimas?
De acordo com os relatos de testemunhas e a investigação, os crimes iniciaram em 1996 na cidade de São Paulo, começaram a surgir relatos e denúncias de mulheres que estavam passando por abusos sexuais realizados por um homem. Esse homem atraía essas mulheres para um parque, prometendo a elas uma vida de modelo. Ele as convencia dizendo que teriam uma carreira brilhante como modelos fotográficas. Ele dizia: “Que tal irmos até o parque? Eu posso tirar algumas fotos suas para mostrar aos clientes.” No entanto, ao chegarem ao parque, a situação mudava drasticamente.
Ele as levava por uma cerca de arame farpado, demonstrando conhecer bem o caminho. Chegando a um espaço aberto no parque, onde frequentemente já havia outros corpos, ele dizia a elas que iriam morrer e as ameaçava para que fizessem o que ele desejava.
Devido à sua dificuldade em ter relações sexuais, ele frequentemente não conseguia completar o ato enquanto estavam vivas. Assim, muitas vezes, ele as violentava de maneira brutal apenas após suas vítimas já estarem mortas.
Ainda segundo o próprio assassino, ele tinha vontade de morder as vítimas até arrancar pedaços para sentir a carne na sua boca.
Todas as mulheres compartilhavam um perfil semelhante, com idades aproximadas de 19 a 23 anos. A maioria tinha cabelos longos e morenos, embora algumas também tivessem cabelos curtos. Ele tinha o costume de retornar nos dias seguintes para ver os corpos.
Francisco teve um relacionamento anterior que o afetou profundamente. Parecia que ele estava verdadeiramente apaixonado por sua ex-namorada, e as coisas avançaram ao ponto de ela engravidar. No entanto, ela decidiu encerrar o relacionamento e até proibiu que ele tivesse contato com o filho deles. A polícia notou uma notável semelhança entre a aparência das mulheres que ele matava e a de sua ex-namorada, talvez indicando que sua raiva tenha tido início nesse ponto.
Onde o Maníaco do Parque atacava?
Francisco atacava as suas vítimas no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, conhecido como Parque do Estado, localizado entre as regiões da cidade de São Paulo e Diadema.
De acordo com a investigação, diversos corpos foram encontrados na região, atraindo a atenção não só da polícia, mas principalmente da imprensa, que aguardavam ansiosamente para saber quem era o responsável por aqueles assassinatos.
Investigação e prisão do serial killer
Assim que começaram a surgir os primeiros corpos das vítimas no parque, a polícia começou a investigar e conversar com mulheres que conseguiram fugir do maníaco.
Uma das vítimas prestou depoimento na delegacia e relatou ter sido abordada por Francisco na saída do metrô e que o mesmo teria oferecido a ela uma carreira como modelo. Após recusar a proposta, a vítima diz que o Francisco ainda insistiu bastante até que resolver ir embora, deixando um cartão com o seu telefone para ela.
Após receber o cartão, a polícia fez uma ligação para o número e se tratava do número da empresa de motoboys que Francisco trabalhava. Ao chegar lá, o dono do estabelecimento reconheceu o homem em questão, embora seu nome não fosse Jean, como constava no cartão entregue para a vítima. O patrão de Francisco informou que o Francisco havia pedido demissão e deixado uma carta se despedindo.
O patrão dele ainda disse à polícia que essa não era a primeira vez que Francisco era procurado pelas autoridades. Anteriormente, a delegacia de pessoas desaparecidas já havia procurado por ele devido ao desaparecimento da sua namorada.
Seguindo as investigações, a polícia conseguiu a foto de Francisco e ao mostrá-la para algumas vítimas, eles puderam confirmar a identidade do assassino.
Francisco foi localizado no Rio Grande do Sul, próximo à fronteira do país. Após ser encontrado pela polícia, ele repetia insistentemente que não era ele, negando sua culpa, porém ao prestar depoimento para o delegado, Francisco acabou confessando os crimes, dando detalhes de cada um deles e prometeu “ajudar” a polícia, levando-os no local onde os corpos estavam.
Julgamento e Condenação
Ele passou por um julgamento que resultou em 10 acusações e uma condenação. Atualmente, cumpre uma sentença de 268 anos em uma penitenciária no interior de São Paulo, uma pena que superou o limite de 30 anos estabelecido no Brasil. O “Maníaco do Parque” deve cumprir pena até 2028.
Contudo, há declarações do próprio advogado dele indicando que a soltura não seria apropriada, visto que existe um risco considerável de que ele possa cometer novos crimes se for liberado.
Admiradoras do serial killer
Após sua prisão, Francisco recebeu mais de mil cartas de admiradoras declarando seu amor pelo criminoso, elas diziam coisas como:
“Por enquanto, nossos beijos são assim. Mas quero te beijar de verdade. Acho que tens saudades. Eu te amo, te amo, te amo etc., te desejo, te quero de corpo e alma. E me perdoe por tudo que estou sofrendo. Sabe Francis, eu não me conformo, e choro. E eu preciso ser forte (…)”
“Quero te dizer que estou morrendo de saudade, querendo você… Aih meu Deus como te desejo todas as noites. Eu durmo sozinha e querendo você aqui. Mas sei que é impossível. O certo é eu ir te ver. E como posso sentir. Que é meu?”
“Francisco, não deixe a tristeza tomar conta de você e acabar com o brilho do seu olhar. Acredite em Deus, você não está e nunca ficará sozinho. Jesus te ama, sua mãe e seu pai também e, principalmente, eu…”
Com tantas pretendentes, Francisco acabou se casando na prisão com uma mulher que só tinha visto ele, apenas uma vez.
Pedrinho Matador, outro serial killer brasileiro, concedeu entrevistas expressando o desejo de matar o Maníaco do Parque. Hoje, Francisco afirma considerar-se uma pessoa comum e atribui sua sobrevivência à sua fé.
Filme e Série sobre o Maníaco do Parque
Recentemente o Prime Video revelou que estão trabalhando em duas produções sobre o serial killer Francisco de Assis. O filme com o título “Maníaco do Parque” e uma série documental, “Maníaco do Parque: A História Não Contada”.
No filme, o maníaco será interpretado pelo ator Silvero Pereira, dirigido por Maurício Eça, e produzido por Marcelo Braga com o roteiro escrito por L.G. Bayão e pesquisa principal por Thaís Nunes.
A série documental traz uma nova abordagem do caso, explorando a perspectiva das vítimas sobreviventes e das famílias das mulheres que foram assassinadas. Através de depoimentos inéditos e revelações surpreendentes, o documentário revela erros na investigação e o impacto da mídia no decorrer do processo. A direção fica por conta de Thaís Nunes e Maurício Eça, enquanto a produção é liderada por Marcelo Braga, que também assume a função de produtor executivo junto com Flávia Tonalezi. O roteiro é assinado por Thaís Nunes e Guilherme César.
Os dois títulos devem chegar à plataforma de streaming em 2024.